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Limite indenizatório da Convenção de Montreal não se aplica a dano moral

A Convenção de Montreal, que trata da proteção dos usuários do transporte aéreo internacional, não tem regramento aplicável a indenizações por danos morais causados por extravio de bagagem. Nesses casos, aplicam-se as regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor.

Extravio de bagagem tem limite para indenização apenas por dano material segundo tratado internacional

Com esse entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou recurso especial interposto pela Air France com o objetivo de limitar o valor da indenização fixado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

A tese da companhia aérea é de que os limites indenizatórios disciplinados pela convenção de Montreal aplicam-se também aos danos morais. O colegiado entendeu que, se assim fosse, o tratado deixaria expressamente consignado. Não é o que ocorre.

O texto do tratado, de cujo Brasil é signatário, é genérico e apenas atualiza outra norma internacional, a Convenção de Varsóvia, firmada ainda em 1929, quando sequer se admitia a existência de danos morais no ordenamento jurídico.

"Se a norma original cuidou apenas de danos materiais, parece
razoável sustentar que a norma atualizadora também se ateve a essa mesma
categoria de danos. Quisesse o contrário, assim teria dito", concluiu o
relator, ministro Moura Ribeiro. Trata-se do primeiro precedente do STJ
sobre o tema.

Por isso, se aplicam as regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor, que primam pela reparação efetiva do consumidor e não se submetem a tabelamento prévio.

"Muito embora se trate de norma posterior ao CDC e constitua lex specialis [lei especial] em relação aos contratos de transporte aéreo internacional, não pode ser aplicada para limitar a indenização devida aos passageiros em caso de danos morais decorrentes de atraso de voo ou extravio de bagagem", concluiu.

Tese vencida
No caso em julgamento, o juízo de primeira instância condenou a Air
France a pagar danos materiais no valor das notas fiscais juntadas aos
autos e R$ 8 mil para cada um dos dois autores da ação.

Os limites
ao dever de indenizar fixados pela Convenção de Montreal estão
dispostos em seu artigo 22 e tratam de dano causado por atraso no
transporte de pessoas ou destruição, perda, avaria ou atraso de
bagagem. 

Os valores são calculados em Direito Especial de Saque,
unidade de medida que leva em consideração as principais moedas
internacionais e tem seu valor revisado a cada cinco anos. Pelos
cálculos do relator, esse limite para extravio de bagagem seria de R$
5.940 atualmente.

A tese da Air France seria de que danos morais e
patrimoniais, juntos, não poderiam ultrapassar esse teto de valor
fixado pelo tratado internacional, o que teria reduzido o valor da
indenização a ser paga pela empresa. O CDC, por outro lado, não tem
tabelamento.

Fonte: ConJur

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