Não é devida indenização de localidade estratégica durante férias do servidor
A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais decidiu, por meio de voto de desempate, negar provimento ao pedido de uniformização que tratou de pagamento de indenização de localidade estratégica a um servidor. O tema foi julgado como representativo de controvérsia e a corte fixou a seguinte tese:
"Não é devido o pagamento da indenização de localidade estratégica, instituída pela Lei 12.855/2013, durante as férias do servidor" (Tema 290).
O incidente de uniformização foi apresentado por um servidor público federal contra o acórdão da 1ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Mato Grosso que deu provimento ao recurso inominado da União e julgou improcedente o pedido de pagamento de indenização de localidade estratégica, instituída pela Lei 12.855/2013, durante o período de férias.
Voto vencedor
Na TNU, o juiz federal Ivanir César Ireno Júnior, que proferiu o voto vencedor, explicou que a Lei 12.855/2013 criou uma parcela destinada a indenizar os servidores por dia efetivo de trabalho em unidades localizadas em regiões de fronteira, também chamada de unidade estratégica, e que a referida parcela não é devida nos dias em que não houver prestação de trabalho.
O magistrado esclareceu que não se pode confundir tempo de efetivo exercício no serviço público, previsto nos artigos 97 e 102 da Lei 8.112/1990, com dia de efetivo trabalho. Nesses termos, somente será paga a indenização em dia de efetivo trabalho, não importando os períodos em que o servidor computa, para outros fins, tempo de efetivo exercício, como, por exemplo, a licença à gestante.
"Mostra-se totalmente ilógico pagar a indenização nos dias de férias quando o servidor, em regra, sequer está na fronteira, e não pagar aos sábados, domingos e feriados, quando ele em regra lá está, e nas ausências de casamento, falecimento de parentes, doação de sangue, licença gestante, adotante, paternidade, tratamento de saúde etc. Trata-se, no caso, como já dito, de subversão do instituto, que cria situação ilógica, insustentável e incompreensível", argumentou o juiz federal.
Seguindo o entendimento do magistrado, a Turma Nacional decidiu negar provimento ao pedido de uniformização, ficando vencidos o relator do processo, juiz federal Jairo da Silva Pinto, e os juízes federais Luciane Merlin Cléve Kravetz, Paulo Cezar Neves Júnior, Francisco Glauber Pessoa Alves e Odilon Romano Neto.
Fonte: ConJur